Cientistas japoneses conseguem eliminar cromossomo extra da síndrome de Down
Pesquisadores da Universidade de Mie utilizaram a técnica CRISPR para neutralizar a trissomia 21 em células, um avanço que reacende debates éticos e científicos sobre o futuro da terapia genética.
Pela primeira vez na história, cientistas conseguiram remover o cromossomo adicional responsável pela síndrome de Down em células cultivadas em laboratório. A equipe japonesa empregou a revolucionária técnica CRISPR – premiada com o Nobel em 2020 – para “cortar” seletivamente a cópia extra do cromossomo 21, causadora dessa condição genética.
### Um marco com limitações
Embora o avanço represente um precedente científico, os investigadores ressaltam que a aplicação em seres humanos ainda está distante. “Trata-se de uma evidência preliminar, obtida sob condições controladas de laboratório”, explicaram os especialistas. O estudo, publicado recentemente, demonstrou eficácia apenas em células isoladas, não em organismos completos.
A descoberta reabre a discussão sobre os limites da engenharia genética. Enquanto alguns celebram o potencial para prevenir condições genéticas, outros alertam para os desafios éticos envolvidos. “A síndrome de Down não é uma doença, mas uma forma de existência”, destacaram especialistas, reforçando a importância de políticas inclusivas.
O mesmo método poderia ser explorado para outras trissomias associadas a graves complicações de saúde. No entanto, os cientistas enfatizam que qualquer aplicação clínica demandará anos, talvez décadas, de pesquisas adicionais. Por enquanto, o principal valor dessa conquista reside na **compreensão mais profunda dos mecanismos genéticos** por trás dessas condições.
